Semeando Esperança


14/04/2011 – Mãos Riscadas
14/04/2011, 9:49 am
Filed under: Semanal

Um tempo atrás, queria alterar algumas posturas que acreditava serem nocivas ao meu relacionamento não apenas com Deus, mas também com amigos, família e colegas de trabalho. Dentre as medidas que tomei, decidi que toda vez que falasse algo que fosse contrário ao que eu almejava ser, eu marcaria um traço na palma da mão com uma caneta vermelha. Seja um palavrão no trânsito, alguma frase que crie confusão ou mágoas ou até coisas ditas em momentos emotivos que não representavam o que eu realmente acredito.

A caneta não saia do bolso e bastava começar o dia e lá vinham as marcas nas mãos. Alguns tinham mais, outros tinham menos e com o tempo, elas começaram a reduzir. Vez ou outra, tenho vontade tirar a caneta da gaveta para voltar a marcar, já que em alguns dias ainda ocorrem alguns deslizes. Desta experiência, eu aprendi algumas coisas:

– Com o tempo, a marca ficava mais fraca, mas ainda estava lá.
No passar do dia, as marcas feitas pela manhã se tornavam mais fracas e quase sumiam. Mas elas ainda estavam lá, mesmo fracas. O mesmo ocorre com nossos erros e pecados – mesmo que com o passar do tempo pareça que não há mais influência ou impacto, se não for devidamente limpo, ele continua lá e uma hora vem à tona.

– Quanto mais irritado, pior era de tirar a marca da mão
Quando acontecia algo que me deixava nervoso, a marca que fazia na mão era muito mais forte. A marca demorava mais pra sumir e para limpar, demorava mais. Da mesma forma, ocorre conosco quando agimos em um momento de desequilíbrio. As marcas que deixamos são sempre mais difíceis de esquecer.

– As pessoas olham apenas para sua mão
Andar com uma mão cheia de riscos vermelhos era um chamariz de atenção. Eu poderia estar de chapéu e bigode ou vestido de super-herói, os olhos sempre iam direto para a minha mão. A minha reação era sempre tentar esconder a mão no bolso ou deixá-la virada pra baixo para que ninguém visse as marcas. Na nossa vida, os erros que cometemos são como as marcas na mão. Não importa o que você faça, parece que as pessoas sempre vão olhar apenas para nossas falhas e por isso decidimos nos esconder atrás de sorrisos amarelos e máscaras para que as pessoas não vejam os nossos erros.

– Não adiantava tomar banho apenas, tinha que esfregar
Sempre tomo banho de manhã antes de ir para o trabalho e as marcas ainda estavam nas mãos. Em um dia que acordei atrasado, acabei tomando um banho mais ligeiro e, quando vi minha mão ao dirigir o carro, as marcas de ontem ainda estavam lá. Não adianta só colocar a mão na água e passar sabão, para ficar realmente limpo, é preciso esfregar.

Cada vez que eu tomava banho e via minha mão limpa, me lembrava de Lamentações 3:22-23 que diz que “as misericórdias do Senhor se renovam toda manhã”. A cada dia, eu tinha uma ficha limpa perante Deus e, mesmo com os erros do dia anterior, mesmo com as marcas que demoravam a sair, Deus não deixava de me lembrar que era preciso estar limpo. Mesmo quando a vergonha te faz querer sair correndo e se esconder de Deus (como Jonas), mesmo quando o peso da culpa faz com que a angústia consuma o seu espírito (como Davi), Deus deixa claro que o que temos que fazer é nos aproximarmos dEle e nos colocarmos debaixo de suas mãos (I Pedro 5:6), que no momento certo, Ele nos levantará.

Quanto ao “esfregar” que é necessário para a limpeza, pode machucar e doer. Mas lembre-se que Deus só limpa quem Ele ama (Provérbios 3:12) e que o amor de Deus é o que realmente nos limpa dos erros (I Pedro 4:8). Não adianta só entrar na água (ou nas igrejas), temos que estar dispostos a ser limpos.


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